terça-feira, 1 de abril de 2014

As Mulheres e 'O Chocolate'

Comi uma barra de chocolate inteira sem perceber...
Entre um sanduiche e uma barra de chocolate, escolhi a barra..
Comi seis bombons e tomei dois comprimidos de rivotril e dormi...
Hoje troquei o almoço por uma caixa de bombom...
Não consegui dormir, fui até a cozinha e fiz brigadeiro...
Cheguei da reunião e devorei todo o ovo de pascoa do meu filho...
Eu escondo chocolates no meu quarto, daí posso comer sem minha mãe ver...
Quando estou nervosa a minha fome não é de comida, é de chocolate...
Eu precisava tanto de chocolate, que misturei água com nescau...
Foi ouvindo essas frases repetidas vezes de diferentes paciente (e muitas vezes sentindo as mesmas vontades), que desde o inicio da minha atuação como psicóloga observei que o chocolate passa a adquirir um caráter de SÍMBOLO no processo terapêutico das  mulheres.
A verdade é que a mulher e o chocolate tem uma intima relação, mas não necessariamente são amigos.  Por que não podemos considerar um amigo quem lhe dá alivio no momento de aperto, mas depois te culpa por ter agido errado. Concordam?
Mas então, o que o chocolate representa na vida da maioria (sim, há as que não gostam de chocolate) das mulheres ?
Para nós, psicólogos, a primeira associação que nos ocorre é com o alimento primeiro, o leite materno que vem junto com o seio da mãe. Ou seja, queremos nos transferir para aquela sensação de aconchego que a mãe proporcionava juntamente com o seu seio que preenchia o nosso vazio (Boca) e. Está aí uma das funções do chocolate: Preencher um vazio, um buraco, uma carência, uma falta. Inclusive, há pesquisas na psicologia que associam a busca por alimentos doces com a necessidade de carinho, de olhar, de compreensão...
É importante também levar em conta que essa relação com a doçura tem a ver com o histórico familiar e o meio em que cresceu. Se, desde criança, você foi consolada com uma balinha, um pirulito, um chocolate ou a comida era demonstração do carinho da sua mãe você tem mais propensão de buscar o alimento como alivio para dores emocionais, pois a sua alma registrou esta associação: o médico dá uma bala pra você parar de chorar, a mãe faz nega maluca por que você brigou com o namorado....

Para algumas mulheres o chocolate causa uma sensação de anestesia, para outras ele é símbolo de ‘colocar uma pedra encima do problema’, ou seja, engole as emoções e coloca por cima o chocolate para ter a (falsa) sensação de alivio da solução. E, realmente, o chocolate tem algumas propriedades benéficas ao organismo, mas está longe de ser mágico, que tem o poder de solucionar sua crise existencial.
As mensagens  expostas nas redes sociais ilustram e confessam a nossa  necessidade da doçura para aplacar nossas dores na vida emocional , como por exemplo: “Fui atrás da felicidade e voltei com uma panela de brigadeiro”. Isso quer dizer que ela não encontrou o que procurava (felicidade), se frustrou e foi direto para algo que aliviasse sua dor e a consolasse momentaneamente. Por isso que nossa amizade com o chocolate tem ressalvas, pois o (falso) alivio que ele dá vem junto uma enorme culpa por que logo percebemos que comer chocolate não solucionou  nada e, em algumas situações, o problema aumentou de tamanho.
Resumindo, com a boca preenchida, não há choro. E como nossa sociedade moderna não lida bem com choro, tristeza, fraqueza, ou não sabe interpretar é muito mais cômodo achar uma tampa para esse buraco negro! Deixo claro que estamos falando de chocolate, mas a tampa pode ser várias coisas: álcool, drogas, cigarro, jogo, compras...
Como somos seres singulares, é claro que, dependendo da fase de vida emocional da mulher, o chocolate adquiri diferentes significados. É importante você investigar aí com seus botões o que ele representa para você!

O que fazer então? Somente quando estivermos sintonizadas em nós mesmas e na nossa vida interior é que conseguiremos separar o que é uma dependência que me prejudica  ou um prazer que me satisfaz. Acredito que só o autoconhecimento, através da psicoterapia, pode fazer do chocolate um mero chocolate. A psicoterapia busca desenvolver um amor e respeito por seu Eu inteiro, a ponto de você aprender a cuidar do seu bom e do seu ruim. Sabendo que o ruim faz parte da vida e que ficar triste e saudável. A tristeza pede que você se pegue no colo e não chocolate! Amar cura todo tipo de amargura!


Imagens coletadas no Facebook. 









quarta-feira, 26 de março de 2014

Você sabe o que é 'ONIOMANIA'?

Transtorno que acomete 3% da população brasileira (em sua maioria, mulheres) e se caracteriza pela compra compulsiva feita meramente pelo prazer e/ou alivio que ato proporciona.
Nesse sentido, considera-se consumidor/comprador compulsivo quem for incapaz de controlar o DESEJO de comprar e quando os gastos, frequentes e excessivos, interferem de modo importante na vida financeira, profissional e pessoal.
O transtorno do comprar compulsivo (TCC) foi descrito pela primeira vez como uma síndrome psiquiátrica no começo século XX. Apesar de sua classificação permanecer incerta nas classificações patológicas (CID- Classificação Internacional de doenças e DSM- Dicionário de Saúde Mental), se sugere uma correlação potencial do TCC com transtornos do humor, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos do impulso. Já, outros estudiosos também enquadram est

e transtorno como um ‘transtorno de dependência’ ao lado do uso de drogas e álcool.  Do que não se tem duvidas é de que por trás deste sintoma há um grande sofrimento psíquico que dispara essa ação, por isso o transtorno de impulso é quase sempre comórbido com: depressão, ansiedade, transtorno bipolar e outros.
Não se pode deixar de levar em consideração que viver em uma sociedade essencialmente consumista só vem a incentivar e potenciar o sintoma de quem já o tem.  A cultura do status, do TER e do APARECER pode auxiliar ainda mais na manifestação e manutenção desta patologia, ou seja, de não conseguir resistir à tentação de comprar.


O sofrimento psíquico é a causa e a consequência deste transtorno, pois é o mecanismo motivador para que um ciclo vicioso se suceda. O ciclo é o seguinte:

SOFRIMENTO---COMPRAS--- BUSCA PELO ALÍVIO MOMENTANEO---CULPA /VERGONHA/ REMORÇO---- SOFRIMENTO (volta ao inicio do ciclo)

Por isso, se a causa-raiz não for trabalhada em terapia o sintoma pode reincidir ou migrar se utilizando de outro objeto (comida, jogos, bebida, sexo, drogas...)
Qual é o sofrimento que tento minimizar com o prazer que as compras me proporcional? Identificar a resposta para essa questão é crucial para o sucesso do tratamento. O tratamento eficaz, segundo a literatura cientifica, está baseado na união de psicoterapia e psiquiatria, onde a primeira tratará as raízes da doença que leva ao sintoma e a segunda administrará os medicamentos necessários para auxiliar no controle do comportamento impulsivo.
Mas, para que todo tratamento tenha sucesso é de suma importância que o sujeito considere que está doente e está sofrendo. O que é muito difícil no caso deste transtorno, muitas vezes por que o doente considera suas compras ‘normais’ ou por ter vergonha de admitir sua falta de controle ou sua problemática vida financeira.


Para maiores informações visite o site do AMITI- Ambulatório Integrado dos Transtornos de Impulso