terça-feira, 5 de junho de 2012

Comendo EMOÇÕES: Compulsão Alimentar


“Enrolei em papel higiênico muitos papeis de bombons que comi muito rápido e escondida, fui cuidadosa em não deixar nenhuma pontinha aparecer. Como se eu estivesse cometendo um grande crime, importante era esconder as provas.
A sensação durante o tempo que como o chocolate é de anestesia. Mas, o alívio que sinto de ninguém saber que cometi esse crime contrasta com a com a culpa, pois logo depois que comi todos aqueles bombons vem a consciência de meu total descontrole.  Aí fico me questionando:
De quem estou escondendo meu descontrole?
Por que tenho necessidade de comer tanto?
Cometi realmente um crime? Contra quem?”



Para pessoas ditas compulsivas o diálogo interno acima relatado gera um mal-estar emocional profundo. Trata-se de um transtorno: o transtorno compulsivo alimentar periódico(TCAP) ou compulsão alimentar.
Esse transtorno (TCAP) é uma nova categoria diagnóstica de transtorno alimentar, descrita no Apêndice B do DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) entre as categorias em fase de pesquisa.

A compulsão alimentar é caracterizada por um descontrole  alimentar no qual há uma ingesta pesada e desenfreada de alimentos ( na maior parte dos casos hipercalóricos) em curto espaço de tempo. O TAZ, personagem de desenho infantil, demonstra muito bem esse comportamento alimentar. 

Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes insaciáveis” para que a compulsão (TCAP_Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico) seja devidamente diagnosticado deve-se levar em conta a freqüência dos episódios que deve ser de no mínimo duas vezes por semana durante seis meses, a quantidade caloria ingerida deve ser alta e o sentimento de descontrole deve se fazer presente.
Sim, pessoas compulsivas se preocupam com seu modo descontrolado de se alimentar, sentindo até ESTRANHEZA frente ao comportamento. Perguntam-se: Por que estou fazendo isso? Por que estou comendo tanto?  Mas não conseguem parar de fazer. 
Apesar de sua origem ser multifatorial (genética, familiar, sociocultural e psicológica) a compulsão está muito mais relacionada com emocional, ou seja, com o funcionamento psíquico da pessoa. As emoções mobilizam o ato compulsivo e vice-versa. O sintoma (comer compulsivo) acaba gerando um ciclo vicioso descontrole-culpa-descontrole, ou seja, comer-tristeza-comer.

PERFIL DO COMPULSIVO ALIMENTAR

q     Apresentam grande dificuldade de lidar com suas emoções, por isso a importância do autoconhecimento.
q     Muitas vezes, apresentam dificuldade de demonstrar o sentimento e externar as emoções.
q     Tem pouca tolerância com frustrações e decepções (“desmoronam emocionalmente” com muita facilidade).
q     São extremistas: O funcionamento ou 8 ou 80 da pessoa com TCAP facilita muito a compulsão, pois se pensa assim: se ao comer 4 bolachinhas recheadas o controle já foi perdido, então vou comer todo pacote_perdido, perdido e meio.
q     Culpa e autocondenação se faz muito presente na vida do compulsivo.
q     Obesos apresentam o transtorno com mais freqüência (o que não exclui o fato de um ’magro’ poder ser compulsivo) o que dificulta o tratamento para a perda de peso. Indivíduos obesos com este diagnóstico diferenciam-se de obesos sem transtorno alimentar por apresentarem obesidade mais precoce e freqüentes oscilações de peso.
q     Compulsivos apresentam como comorbidade a depressão e a ansiedade. Estudos estão associando a compulsão com baixa produção de seretonina (substancia do bem-estar).

TRATAMENTO

q     No tratamento psicológico é de grande importância investigar os sentimentos e crenças do paciente que estão associados com seu comportamento alimentar.
q     Na pratica clinica, o conceito de melhora dos episódios compulsivos não tem a perda de peso como critério principal.
q     Em psicoterapia devem ser trabalhados os sentimentos de vergonha,  inferioridade e baixa auto estima que geralmente acompanham o compulsivo.
q     No tratamento nutricional devem-se manter expectativas realistas com relação ao peso (metas) e formato do corpo.
q     Em casa deve-se reduzir a exposição de alimentos que tenham simbolismo de ‘tentação’ para o compulsivo.
q     Por estar relacionada com a ansiedade e/ou depressão (baixa produção de seretonina), é indicado a prática de exercícios físicos e também, dependendo do caso, a inserção de antidepressivos ou ansiolíticos.
q     ATENÇÃO: O tratamento para o TCAP deve ter como base a interdisciplinaridade, ou seja, é de suma importância que se busque ajuda na psicologia, nutrição, medicina e na educação física. 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

ENURESE NOTURNA: Uma forma diferente de chorar!


A enurese é a falta de controle da micção (fazer xixi) em idade que em que isto já deveria ter ocorrido. Quando a perda deste controle é à noite, chama-se enurese noturna, também podendo ocorrer enurese diurna. A enurese é chamada de primária quando jamais foi obtido o controle urinário, e secundária quando já houve por, no mínimo, meio ano e foi perdido posteriormente.
Levando em consideração a estruturação orgânica, no geral, até os 4 anos de idade a enurese noturna (fazer xixi na cama enquanto dorme) pode ser considerada “normal”, pois a criança pode ainda não ter bem definido o controle dos esfíncteres. Em todos casos, é importante buscar orientação médica e, uma vez excluídas as causas orgânicas (genética ou resultado de uma doença adquirida), resta analisarmos as emocionais.
Mesmo sendo fisiologicamente normal até os 4 anos é importante sempre estar atento as questões emocionais envolvidas no processo. È comum esse sintoma mostrar as caras em situações onde a criança sente ciúmes, pressão ou estresse. Como por exemplo, o nascimento de um irmãozinho, o início da fase escolar, perda de um ente querido, abuso sexual, sentimento de falta de atenção dos pais, quando enfrenta desafios ou exigências etc.
Analisando a simbologia emocional do sintoma, fazer xixi fora de hora e contexto pode ser uma maneira diferente de chorar. “Não chora por cima, chora por baixo.” Também pode ser interpretado como um ‘desaguar’ ou ‘liberar’ a pressão vivida no dia.
Os pais devem ficar atentos e questionar a sua atuação com o filho e ao comportamento da criança: está cobrando, pressionando demais? Seu filho apresenta sintomas de estresse? Exijo muito do meu filho? Estou dando pouca atenção a ele? Como meu filho fica diante de desafios? Quais são seus medos? Muitas vezes, não se consegue identificar as respostas para tantas perguntas sozinho. E aí nasce a necessidade de buscar ajuda profissional com psicólogos e pediatras.
“Fazer xixi na cama” causa constrangimento na criança e ansiedade familiar, por isso é importante as estratégias comportamentais que serão adotadas.  Na área da psicologia, estudos dizem que não se deve supervalorizar o xixi nem castigar a criança por ter molhado a cama. O essencial é valorizar quando a criança acorda na cama sequinha, o conhecido reforço positivo.

ATENÇÃO ADULTOS: Não é só criança que faz xixi na cama não, adolescente e adultos também são acometidos pelo sintoma, geralmente por causa emocional. Nesses casos leve em conta a simbologia do sintoma: analise o que te faz chorar!