domingo, 16 de setembro de 2012

AS DUAS PRIMEIRAS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ORAL E ANAL




OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA... de uma pessoa são decisivos para a constituição de sua futura personalidade. Neste período são delineadas as principais características psíquicas, a partir da relação da criança com os pais, pessoas próximas, objetos e meio ambiente. A qualidade das relações entre pais e filhos exerce uma influência determinante na formação psicológica destes. A partir dos primeiros meses de vida, os pais e responsáveis pela criação e educação das crianças devem dedicar toda a atenção ao desenvolvimento de sua auto-estima. O que se faz nos primeiros anos de vida do filho é fundamental para que ele seja uma pessoa produtiva, capaz de crescer na vida.
Mas, frente esta grande responsabilidade, NÃO existe manual de instruções. Apesar de muitos estudiosos tentarem enquadrar em fases o desenvolvimento da criança, é importante salientar que cada criança é única e tem seu ‘evoluir’ individual, singular e no seu tempo, levando em conta a PRECOCIDADE do mundo moderno. Por isso, é normal os pais se sentirem perdidos em alguma fase de vida do seu filho, por que o ‘como proceder’ não está escrito em nenhum lugar.
 EDUCAR dá trabalho, é difícil e é um processo que se dá por meio da REPETIÇÃO, por isso também é cansativo para os pais, gerando culpa e sofrimentos. O importante é não esmorecer!
A psicologia, a ciência do comportamento, é aliada no processo de evolução emocional da criança, por isso estuda o normal e o patológico em cada fase de vida. Serão apresentadas abaixo algumas características condizentes a fase que seu filho(a) está, para que possa observar como está o comportamento dele (a)  e avaliar a sua CONDUTA enquanto MÃE e PAI.


 FASE ORAL(de 0 a 2 anos)

J     O principal objeto de desejo nesta fase é o seio da mãe, que além de alimentar proporciona satisfação ao bebê.
J     Ansiedade da separação: a criança ainda está misturada com a mãe, por isso a separação se dá de forma difícil.
J     A criança leva tudo a boca: mãos, bocas, objetos numa tentativa de ‘experimentar o mundo’ inclusive pessoas.
J     É o corpo que fala.
J     Mordida: forma prazerosa de se expressar com o mundo, de se descobrir dentro dele. Acontece em situações de disputa e conflito, por não conseguir administrar seus sentimentos.
J     Pais devem incentivar a linguagem verbal _ dar nome ao sentimento.  Sempre indagar procurando não responder pela criança.


FASE ANAL (de 2 a 4 anos)

J     Controle dos esfíncteres. Controla as fezes que sai do seu interior e a utiliza como presente ou agressão aos pais. Excessiva solicitação=supervalorização das fezes; Retenção= Pedido de atenção, Evacuação= Presente para mãe ansiosa.
J     O EU desconecta do OUTRO (diferenciação).
J     O pensamento abstrato e o pensamento lógico não estão formados ainda.
J     Pensamento egocêntrico “MEU” (falta empatia).
J     A criança começa a reconhecer o OUTRO, ou seja, já reconhece os sentimentos e os comportamentos dos pais.
J     Brinca de situações reais (cozinhar, vestir roupas da mãe, imita o médico, etc), como uma forma de fazer parte do mundo dos adultos.
J     Grande imaginação criativa (monstros, heróis, extraterrestres)
J     Mordidas, tapas e puxões de cabelo, uma forma de manifestação do que ainda não consegue expressar verbalmente.
J     Ápice da curiosidade infantil (3,4 anos), dos muitos questionamentos e das pesquisas infantis (anatomia sexual, origem dos bebes, etc). Abordar franca e realisticamente, comportando-se com naturalidade frente a perguntas, sem sufocar a criança com informações desnecessárias.
J     Comportamento aprendido “Se eu...” 

CARACTERÍSTICAS COMUNS AS DUAS FASES:
J     BIRRA: Testar limites. O mau comportamento sempre tem uma função. Reação a um incômodo ou frustração. É importante ser firme. Não valorizar a crise. Só depois que passar conversar, e se necessário, usar uma medida disciplinante.
J     CASTIGO: Cadeirinha do pensamento. Bater só em última instância. 
J     LIMITES: o NÃO é estruturante.
J      Eu não quero (não-não pode) = raiva= culpa do pais =perseverar ou cede.
J     Não fique com vergonha das pessoas que assistem a crise do seu filho, permaneça com postura séria.

J     CEDER: O “deixa pra lá” ensina a desobedecer! Falta de tempo= ceder é cômodo
J     Se a birra for freqüente, muito agressiva e sem motivo identificável, busque ajuda com um profissional.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE


ALBERT EINSTEIN- Começou a falar tarde, tinha raciocínio lento, baixo rendimento escolar, detestava ter que decorar matérias, sendo alfabetizado somente aos 9 anos. Era intuitivo e visionário. Mais tarde, utilizando-se do hiperfoco (característica do hiperativo de se desligar do restante e se focar somente em uma coisa) criou a teoria da relatividade. Relacionando estes sintomas pode-se pressupor que essa grande personalidade tinha TDAH. Veja a seguir informações que podem esclarecer suas dúvidas e auxiliar no diagnóstico. 

Na escola...
Dificuldade de adaptação
Dificuldade de finalizar uma tarefa
Não acompanha o ritmo da turma
Vive no ‘mundo da lua’.
Conversa e mexe-se o tempo todo
Não consegue permanecer sentado durante a aula
Atrapalha colegas e professores
Baixo rendimento

Em casa...
Não respeita a rotina estabelecida
Não dorme tranquilamente
No social, não sabe se comportar

Se você conseguiu encaixar seu filho (ou você mesmo) na maioria desses sintomas, há a probabilidade dele estar desenvolvendo o Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).

Esse transtorno se estrutura em três sintomas-base:
  1. Déficit de Atenção:caracterizada pela dificuldade de se concentrar e manter a atenção por longos períodos de tempo
  2. Hiperatividade: que mantém a pessoa agitada
  3. Impulsividade:  que leva a pessoa a tomar atitudes sem pensar previamente, sem fazer um análise das vantagens ou desvantagens do seus atos ou fala.

Esse transtorno tem início precoce, geralmente os sintomas se apresentam antes dos sete anos, e são notáveis na maioria dos ambientes como lar, escola e comunidade. 50% ou mais das crianças com TDAH continuarão a apresentar sintomatologia significativa na adolescência e idade adulta. A criança com esse transtorno tem um risco acima da média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio-emocionais.
DIAGNÓSTICO
Geralmente o diagnóstico do TDAH acontece primeiramente em casa, com pais e familiares ou na escola, com educadores, onde percebem a diferença de comportamento quando comparado com seus pares. É importante salientar que muitos pais interpretam o comportamento da criança como desobediente ou desinteressado, mas na realidade ele está demonstrando os sintomas do transtorno. Mas para que se efetive e tenha base cientificas é necessário que a criança passe por uma avaliação neurológica e psicológica.
É muito fácil confundir os sintomas do transtorno a uma fase da infância, pré adolescência, ou uma necessidade de chamar atenção, essas questões dificultam o diagnóstico e o encaminhamento para o tratamento, fazendo os pais e a criança sofrerem mais ainda.
CAUSAS
Pode-se dizer que a causa do TDAH é multifatorial. Pesquisas apontam que uma das possíveis causas é a falta de substâncias químicas no cérebro chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informações entre os neurônios, responsáveis pelo controle motor e pelo poder de concentração.
Se cogita também a influencia genética, por isso se torna importante pesquisar na família se há mais alguém com esses sintomas e relacionados a ansiedade.
Os fatores ambientais e psicológicos também podem ser implicativos da doença, ou seja, rotina familiar desorganizada e indisciplinada pode contribuir para potencializar sintomas.
CONSEQUÊNCIAS
A hiperatividade pode trazer problemas de relacionamento com seus pares que o excluem das atividades e contribuem para baixa auto-estima. Alguns pesquisadores atribuem ao transtorno como sendo uma doença do cérebro imaturo. Com o passar dos anos, com o tratamento correto e autocontrole é possível que tanto cérebro quanto o psíquico amadureça.
TRATAMENTO
Se você identificou os sintomas mencionados nesse artigo em seu filho, pessoa próxima ou em você mesmo (mesmo sendo já adulto), busque profissionais capacitados para que o diagnóstico corretos seja feito. As especialidades que irão poder lhe ajudar são:
q     Neuropediatra ou neurologista
q     Psicóloga
q     Psiquiatra
q     Psicopedagoga (caso haja prejuízos na aprendizagem)

Na maioria dos casos, a combinação dessas áreas em um tratamento interdisciplinar dá efeitos positivos na melhora da concentração e controle da hiperatividade. Mas, não existe uma fórmula mágica para todos os casos. Cada caso é um caso e a melhora dependerá também da força de vontade do paciente. Com freqüência é receitado medicamentos para a melhora da concentração (a famosa Ritalina é uma das mais usadas), é de suma importância que somente tome com indicação do psiquiatra ou neurologista.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Comendo EMOÇÕES: Compulsão Alimentar


“Enrolei em papel higiênico muitos papeis de bombons que comi muito rápido e escondida, fui cuidadosa em não deixar nenhuma pontinha aparecer. Como se eu estivesse cometendo um grande crime, importante era esconder as provas.
A sensação durante o tempo que como o chocolate é de anestesia. Mas, o alívio que sinto de ninguém saber que cometi esse crime contrasta com a com a culpa, pois logo depois que comi todos aqueles bombons vem a consciência de meu total descontrole.  Aí fico me questionando:
De quem estou escondendo meu descontrole?
Por que tenho necessidade de comer tanto?
Cometi realmente um crime? Contra quem?”



Para pessoas ditas compulsivas o diálogo interno acima relatado gera um mal-estar emocional profundo. Trata-se de um transtorno: o transtorno compulsivo alimentar periódico(TCAP) ou compulsão alimentar.
Esse transtorno (TCAP) é uma nova categoria diagnóstica de transtorno alimentar, descrita no Apêndice B do DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) entre as categorias em fase de pesquisa.

A compulsão alimentar é caracterizada por um descontrole  alimentar no qual há uma ingesta pesada e desenfreada de alimentos ( na maior parte dos casos hipercalóricos) em curto espaço de tempo. O TAZ, personagem de desenho infantil, demonstra muito bem esse comportamento alimentar. 

Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes insaciáveis” para que a compulsão (TCAP_Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico) seja devidamente diagnosticado deve-se levar em conta a freqüência dos episódios que deve ser de no mínimo duas vezes por semana durante seis meses, a quantidade caloria ingerida deve ser alta e o sentimento de descontrole deve se fazer presente.
Sim, pessoas compulsivas se preocupam com seu modo descontrolado de se alimentar, sentindo até ESTRANHEZA frente ao comportamento. Perguntam-se: Por que estou fazendo isso? Por que estou comendo tanto?  Mas não conseguem parar de fazer. 
Apesar de sua origem ser multifatorial (genética, familiar, sociocultural e psicológica) a compulsão está muito mais relacionada com emocional, ou seja, com o funcionamento psíquico da pessoa. As emoções mobilizam o ato compulsivo e vice-versa. O sintoma (comer compulsivo) acaba gerando um ciclo vicioso descontrole-culpa-descontrole, ou seja, comer-tristeza-comer.

PERFIL DO COMPULSIVO ALIMENTAR

q     Apresentam grande dificuldade de lidar com suas emoções, por isso a importância do autoconhecimento.
q     Muitas vezes, apresentam dificuldade de demonstrar o sentimento e externar as emoções.
q     Tem pouca tolerância com frustrações e decepções (“desmoronam emocionalmente” com muita facilidade).
q     São extremistas: O funcionamento ou 8 ou 80 da pessoa com TCAP facilita muito a compulsão, pois se pensa assim: se ao comer 4 bolachinhas recheadas o controle já foi perdido, então vou comer todo pacote_perdido, perdido e meio.
q     Culpa e autocondenação se faz muito presente na vida do compulsivo.
q     Obesos apresentam o transtorno com mais freqüência (o que não exclui o fato de um ’magro’ poder ser compulsivo) o que dificulta o tratamento para a perda de peso. Indivíduos obesos com este diagnóstico diferenciam-se de obesos sem transtorno alimentar por apresentarem obesidade mais precoce e freqüentes oscilações de peso.
q     Compulsivos apresentam como comorbidade a depressão e a ansiedade. Estudos estão associando a compulsão com baixa produção de seretonina (substancia do bem-estar).

TRATAMENTO

q     No tratamento psicológico é de grande importância investigar os sentimentos e crenças do paciente que estão associados com seu comportamento alimentar.
q     Na pratica clinica, o conceito de melhora dos episódios compulsivos não tem a perda de peso como critério principal.
q     Em psicoterapia devem ser trabalhados os sentimentos de vergonha,  inferioridade e baixa auto estima que geralmente acompanham o compulsivo.
q     No tratamento nutricional devem-se manter expectativas realistas com relação ao peso (metas) e formato do corpo.
q     Em casa deve-se reduzir a exposição de alimentos que tenham simbolismo de ‘tentação’ para o compulsivo.
q     Por estar relacionada com a ansiedade e/ou depressão (baixa produção de seretonina), é indicado a prática de exercícios físicos e também, dependendo do caso, a inserção de antidepressivos ou ansiolíticos.
q     ATENÇÃO: O tratamento para o TCAP deve ter como base a interdisciplinaridade, ou seja, é de suma importância que se busque ajuda na psicologia, nutrição, medicina e na educação física. 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

ENURESE NOTURNA: Uma forma diferente de chorar!


A enurese é a falta de controle da micção (fazer xixi) em idade que em que isto já deveria ter ocorrido. Quando a perda deste controle é à noite, chama-se enurese noturna, também podendo ocorrer enurese diurna. A enurese é chamada de primária quando jamais foi obtido o controle urinário, e secundária quando já houve por, no mínimo, meio ano e foi perdido posteriormente.
Levando em consideração a estruturação orgânica, no geral, até os 4 anos de idade a enurese noturna (fazer xixi na cama enquanto dorme) pode ser considerada “normal”, pois a criança pode ainda não ter bem definido o controle dos esfíncteres. Em todos casos, é importante buscar orientação médica e, uma vez excluídas as causas orgânicas (genética ou resultado de uma doença adquirida), resta analisarmos as emocionais.
Mesmo sendo fisiologicamente normal até os 4 anos é importante sempre estar atento as questões emocionais envolvidas no processo. È comum esse sintoma mostrar as caras em situações onde a criança sente ciúmes, pressão ou estresse. Como por exemplo, o nascimento de um irmãozinho, o início da fase escolar, perda de um ente querido, abuso sexual, sentimento de falta de atenção dos pais, quando enfrenta desafios ou exigências etc.
Analisando a simbologia emocional do sintoma, fazer xixi fora de hora e contexto pode ser uma maneira diferente de chorar. “Não chora por cima, chora por baixo.” Também pode ser interpretado como um ‘desaguar’ ou ‘liberar’ a pressão vivida no dia.
Os pais devem ficar atentos e questionar a sua atuação com o filho e ao comportamento da criança: está cobrando, pressionando demais? Seu filho apresenta sintomas de estresse? Exijo muito do meu filho? Estou dando pouca atenção a ele? Como meu filho fica diante de desafios? Quais são seus medos? Muitas vezes, não se consegue identificar as respostas para tantas perguntas sozinho. E aí nasce a necessidade de buscar ajuda profissional com psicólogos e pediatras.
“Fazer xixi na cama” causa constrangimento na criança e ansiedade familiar, por isso é importante as estratégias comportamentais que serão adotadas.  Na área da psicologia, estudos dizem que não se deve supervalorizar o xixi nem castigar a criança por ter molhado a cama. O essencial é valorizar quando a criança acorda na cama sequinha, o conhecido reforço positivo.

ATENÇÃO ADULTOS: Não é só criança que faz xixi na cama não, adolescente e adultos também são acometidos pelo sintoma, geralmente por causa emocional. Nesses casos leve em conta a simbologia do sintoma: analise o que te faz chorar!

sábado, 10 de março de 2012

SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS COMPETENTE






A seleção de pessoal é um “bixo papão” para muitos candidatos a uma vaga no mercado de trabalho. Prova disso são os inúmeros sites na internet que elencam várias dicas desde como se portar numa entrevista até como responder testes psicológicos, o que aliás é expressamente proibido pelo conselho federal de psicologia, representando crime. Observa-se, então, que a extrema ansiedade frente ao desconhecido juntamente com o grande desejo de trabalhar pode fazer com que candidatos façam uso de todas essas “artimanhas”. Tudo isso revela que há um temor com relação as abordagens feitas numa seleção de pessoal, principalmente daqueles que já passaram por várias tentativas e foram “descartados”: o que será avaliado, observado, questionado?






Diante de tantos mitos que foram criados ao redor dos métodos da seleção de pessoal e do próprio selecionador cabe esclarecer a processo propriamente dito assim como sua evolução, chegando a análise e discussão de sua estrutura atual.
Segundo Chiavenatto (2009), a seleção de recursos humanos é um sistema de comparação e escolha que deve apoiar-se necessariamente em algum padrão e critério para alcançar certa validade. Esse critério é geralmente extraído das competências exigidas pelo cargo. Dessa maneira o processo acontece de fato quando se cruza as informações do cargo com as competências do candidato. Não representa um fim em si mesmo, mas um meio que possibilita à organização realizar os seus objetivos. Assim, todos os instrumentos utilizados no processo seletivo, sejam eles técnicas, testes ou entrevistas, visam a um mesmo fim: predizer qual dos indivíduos terá melhor capacidade de integração e adaptação à organização. (MOURA E DICKEL, 2002)
Fazendo uma retomada histórica do processo de seleção e admissão de funcionários pode se perceber que a entrada das pessoas em organizações era mais simples e facilitada há alguns anos atrás, pois ou se dava de maneira informal (indicação) ou ainda não se tinha a estrutura necessária para admistrar os recursos
humanos. Mas a preocupação de colocar o homem certo no lugar certo sempre existiu. Segundo Castro (1995), o filosofo grego Platão que viveu de 428-348 a.C., já sugeria uma série de testes para a escolha de guardiões, mais indicados para a sua república ideal. Hoje se vê essa dinâmica muito mais aprofundada. Na maioria dos casos, o candidato a uma vaga no mercado de trabalho é literalmente “dissecado” por meio da entrevistas, testes de personalidade, inteligência, dinâmica de grupo, etc. Por isso, para diferentes contextos históricos são encontradas diferentes estruturas de gestão, o que engloba todas as funções e ações relacionadas as pessoas dentro de uma organização.
. A história da administração de recursos humanos (ARH) nasceu por volta de 1890 com o aparecimento dos departamentos pessoais cujos gerentes tinham como principal objetivo estabelecer um método pelo qual pudessem discernir melhor, entre a extensa e diversificada massa de candidatos, que individuos podereiam tornar-se empregados efecientes ao menor custo possivel. (FISHER,2002) Desde então, as exigências sociais com relação ao conhecimento, habilidades e eficiência das pessoas direcionadas ao trabalho e a profissão só vem aumentando. Segundo Moura (2002), já faz algum tempo que a área de Recursos Humanos (RH) passou de um simples departamento de pessoal para um agente de transformações na organização, provocando mudanças e oferecendo sustentação na implementação das mesmas. Nesse sentido, processo de gestão nas organizações vem sofrendo mudanças em função da necessidade de se adequar as exigências da sociedade do conhecimento onde o capital humano (pessoas vistas como talento para alavancar a produção da organização) é valorizado a partir de sua capacidade de explorar suas qualidades intelectuais (BARBALHO,2002) e também subjetivas.

Dessa maneira, a principal tarefa deste modelo de gestão é estimular as compêtencias humanas necessárias para que as compêtencias organizacionais se viabilizem. Portanto, a competência da empresa é a soma das competências das pessoas que trabalham nela. Mas, afinal, o que são competências?





SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS EM SI


Já não é de hoje que se estuda o termo “competência”, mas parece que ele está na boca de “todo mundo” sem ao menos entender sua complexidade, por isso o seu emprego na área de recursos humanos tem sido muito debatido. Na literatura científica há uma vasta gama de definições para o termo, o que causa algumas confusões. Portanto, é de suma importancia que se compreenda o conceito de “compêtencia” para que sua aplicação seja coerente.
Há alguns anos atrás ser competente era ser bom naquilo que se fazia, ou seja fazer bem tal tarefa, alcançando os objetivos . Segundo Fleury e Fleury (2001) competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. Já para Magalhães et al (1997) é conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um profissional a exercer uma determinada função. Isto é competências são um conjunto de capacidades humanas que justificam um alto desempenho em determinada ação. Na maior parte da bibliografia pesquisada há um consenso de que as capacidades que definem as competências são: Conhecimento, Habilidade e Atitude. Estas três dimensões da competência estão interligadas e são interdependentes, uma vez que, para exposição de uma habilidade, presume-se que o indivíduo conheça princípios e técnicas específicas (BARBALHO, 2002). Realmente, analisando o termo mais profundamente não se faz bem, nem se tem habilidade e muito menos se tem atitude numa atividade que não se conhece. É preciso ter conhecimento da tarefa para atingir a competência. Segundo DELUIZ (2001). o termo competência surge no quadro de crise do modelo de organização taylorista/fordista, tendo por base um forte incremento da escolarização dos jovens. Assim, as empresas passaram a usar e adaptar as aquisições individuais da formação escolar, em função das suas exigências. A aprendizagem é orientada para a ação, e a avaliação das competências é baseada nos resultados observáveis. Nesse sentido, o modelo da competência substitui o de qualificação e a utilização do conhecimento e do potencial humano tem sido apresentada crescente e constantemente, como o grande diferencial das organizações contemporâneas (MENEGON E CASADO, 2006), logo, o sucesso ou o fracasso de uma organização está diretamente associado ao potencial das pessoas que dela fazem parte.
“A noção de competência aparece assim associada a verbos como: saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. Do lado da organização, as competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo.” (Fleury & Fleury, 2001, p.187)
Mas, o oposto de competência _ “in-competente”_não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de reconhecimento social (FLEURY, 2001). Portanto, uma seleção por competencias mal estruturada, não clara e sem feedback pode ter um caráter muito negativo para aquele candidato que não foi selecionado, assim como pode ser ineficiente no seu objetivo maior. Nesse sentido, é importante levar em conta que para analisar a seleção de pessoas deve se adotar uma visão total do processo, ou seja, compreender os dois lados: selecionador e candidato a vaga. Selecionar é uma arte que inspira cuidados e sensibilidade, assim como ser selecionado (ou não) é uma expectativa que deve ser controlada para que o comportamento do candidato não venha a prejudicar o seu desempenho.
Enfim, um processo seletivo competente é aquele que leva a sério o seu grande desafio de ser verdadeiro e justo em analisar as competências de outrem. Os selecionadores precisam ser duplamente éticos, pois necessitam preservar tanto a organização quanto as pessoas que procuram uma recolocação no mercado de trabalho (BISPO, 2006). O processo seletivo deve sim ser encarado como um momento essencial para a formação de equipes estáveis, mas nunca deve-se esquecer que antes de ser talento, colaborador, capital humano, o candidato é um ser humano com suas potencialidades, limitações e competências ativas e latentes.

segunda-feira, 5 de março de 2012

LIMITES: Você já construiu sua CERCA?




Quando limitamos com uma cerca (de arame farpado ou não) ou muro uma porção de terra ou nossa casa estamos dizendo simbolicamente que aquilo que a cerca contém é de nossa responsabilidade, certo? Certíssimo! Os limites demarcam nossa propriedade e, com isso, a responsabilidade que temos com ela. Mas como reconhecer o que não é propriedade nossa?
Quem já não passou por alguma situação cotidiana da vida onde a gente se pergunta: até onde vai a minha responsabilidade nesse caso? Será que eu não estou fazendo/falando o que o outro deveria estar fazendo?Será que não estou extrapolando os limites da minha responsabilidade?
Nossas relações nos confundem a respeito dos nossos limites e dos outros. A tarefa de fazer a diferenciação do que é ‘meu’ e o que é do ‘outro’ é bastante árdua e para que ela se torne real é necessário que se faça uso do NÃO.
Por mais difícil que seja definirmos nossos limites é de suma importância para nossa saúde emocional. Os limites nos definem: o que eu sou, o que eu não sou e o que são e não são os outros. Não somos responsáveis pelo outros (eles não estão dentro do nosso cercado). Cada um tem seu fardo e se levarmos o do outro acabamos fazendo um trabalho extra que não nos compete e ‘salvando’ o outro das conseqüências naturais do seu fardo. Aqueles que não construíram seus limites (cercas) lutam para dizer não ao controle, exigências e até as necessidades dos outros. Ah! Como é difícil dizer não quando alguém nos pede para fazer algo, mesmo tendo consciência que não temos responsabilidade nenhuma naquilo que nos é pedido! Mas por que aceitamos? Para sermos aceitos, para não nos sentirmos abandonados ou para não magoar quem nos ama. O que é necessário esclarecer é que o NÃO e os limites estão diretamente associados ao AMOR. Pais dizem não aos filhos por que desejam que eles cresçam, esposa diz não ao esposo pois deseja ser respeitada, etc. Falar 'NÃO' é construir sua cerca, ouvir 'NÃO' é respeitar a cerca do outro.