terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Por que ficar triste não é normal?


Perdemos todo dia um pouco de alguma coisa, de alguém e de nós mesmos. Frente à perda, a tristeza, a melancolia e o choro poderiam se tornar uma resposta/ reação normal. Mas o que vimos são pessoas tentando nomear sua tristeza cientificamente e a medicando o mais rápido possível. Tudo isso nos leva a questionar: Por que hoje a tristeza é vista como anormalidade do ser humano? Por que as pessoas já não mais se permitem ficar tristes e viver o luto no espaço de tempo necessário para curar e cicatrizar a ferida da alma? Por que fugimos da dor?


Somos um todo, construído por opostos: bem e mal, dor e prazer, negativo e positivo. Portanto, fugir da dor é fugir de si mesmo. Vivemos num mundo onde cada vez mais os métodos são indolores. O mundo exige força, segurança, perfeição, sorriso, aparência, ou seja, a tristeza e seus derivados não são permitidos e se acontecem, são mascarados. Hoje, a aparente felicidade conta mais (e vale mais) do que o real e verdadeiro sentimento interior. Mas é bom lembrar que a tristeza não é sinônimo de fraqueza ou ruína, mas de sensibilidade saudável e normal .


Ficamos tristes por que nos decepcionamos com os outros e com nós mesmos, por que fracassamos, não somos reconhecidos, valorizados, amados, por que perdemos, erramos, nos iludimos, estamos insatisfeitos com alguma situação ou alguém. Mas a tristeza não deve ser eterna, pois torna-se vitimismo, ou seja carência e necessidade de ser visto. A tristeza pode ser um ‘estado da arte’ onde podemos criar estratégias para sair dela, depois de entendê-la (claro).


Quando estiver triste, analise e observe sua tristeza, pense nas possíveis razões para que ela se faça presente. Ela pode ser indicio de mudança, transformação e renovação. A tristeza pede para ser transformada em algo. Ficar triste não deixa de ser um pedido de transformação de nossa alma. No que pode ser transformada sua tristeza? Em aprendizado, em saudade, esperança? Por que esta triste? Faça sua lista de motivos! Tem medo de ficar triste? A tristeza dos outros te incomoda? Permita-se estes questionamentos e outros que virão a tona !

Carl Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana, sempre dizia: Nós não podemos mudar nada sem que primeiro a aceitemos! Portanto, permita-se ficar triste, aceite esse momento e analise profundamente suas causas, só assim poderá sair inteiro, fortalecido e transformado deste processo!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

QUEM NÃO QUER SER AMADO? Uma reflexão sobre as escolhas amorosas.


Diante da escuta na experiência clinica vejo que uma das grandes questões trazida como queixa por vários pacientes é o amor, ou seja, a escolha amorosa e seus derivados. Ficar as voltas na procura pelo amor, ou melhor, por ser amado pode ser considerado um processo sem um fim absoluto, pois o ser humano tem a extrema necessidade de ser aceito constantemente. Apesar de inúmeras pesquisas feitas não há ainda um definição consensual do que é o amor. Acredito que nunca haverá, pois cada ser tem sua definição.


A escolha do ser amado tem grande associação a nossa história de vida. Alguns procuram no amado, um pai, uma tampa para sua grande falta, um irmão, um amigo, uma máquina de elogios, uma conta corrente, etc e devido a essas necessidades, muitas vezes nos boicotamos. Quando vislumbramos somente alimentar a carência afetiva, deixamos de analisar outros aspectos importantes na relação. O amor é uma troca respeitosa, o amor é crescimento, afeto compartilhado e correspondido, o amor é positivo e propicia aprendizados e evolução do casal.


Alguns indivíduos escolhem seu amor com bastante racionalidade, ou seja, definem critérios e se baseam neles para eleger um amado: atração física e sexual,beleza estética, idade, estado civil, inteligência, etc. de certa forma os critérios não são insignificantes na escolha, eles ajudam a definir o foco conforme nossos desejos, mas estar somente embasados neles faz com que a escolha seja um estatística cientifica e não um desejo interior.


Afinal, quem não quer ser amado? Todos queremos. Mas para isso devemos pagar o preço da espera, da expectativa, das frustrações e também do esforço para manter uma relação viva regada com sentimentos verdadeiros e positivos. Mas, atenção, para quem se sente inferior, ser amado já basta (amar passa a ser artigo de luxo), não importando o que sente pelo parceiro. Como diz aquela musica do cazuza “Migalhas dormidas do teu pão, raspas e restos me interessam. Pequenas porções de ilusão mentiras sinceras me interessam”, não é a toa que o nome da musica é maior abandonado.