quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O QUE VOCÊ SENTE POR VOCÊ?


O que você sente por você?
Amor?
Nojo?
Raiva?
Ódio?
Pena?
Saiba que o sentimento que você direciona a si mesmo define o grau de sua estima.
A auto estima é o conceito que se tem de si mesmo, o julgamento que fazemos dos nossos atos, do nosso corpo, dos nossos sentimentos e comportamentos. É o valor que se dá a si mesmo e a forma como tratamos a nós próprios
Quando se diz que o “fulano” está com a auto estima alta é por que ele se ama, ou seja, ele se agrada, se trata bem, trata bem seu corpo, pensamentos e prioridades. Mas, quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros do que à nós, com o objetivo de sermos aceitos pelo outro, rastejamos implorando por amor. Nesse sentido, abrimos mão de nossas prioridades, mal tratamos nosso corpo e nossa alma, não valorizamos nossos pensamentos e sentimentos. E a partir desses sentimentos negativos que começamos e entrar num ciclo vicioso de boicotes e auto-sabotagens, travando uma verdadeira guerra consigo mesmo.
Para quem não se ama, qualquer migalha está bom. Isto é, começamos a mendigar amor e valor, queremos que o outro nos dê aquilo que não conseguimos nos dar. Nesse sentido, a carência excessiva pode ser um sintoma de baixa auto estima. Pessoas com baixa auto-estima tem dificuldade de receber um elogio, não conseguem ver que são belas, nem por dentro, nem por fora e falam “tudo de errado acontece comigo” . Repetir queixas: “ Ele me dá pouca atenção!” ou “Ninguém olha pra mim” é sintoma de uma doença perigosa: a falta de amor próprio
Quem não se ama, não gosta de ficar em sua companhia, por isso exige e, muitas vezes, “obriga”, quase sempre por meio de chantagens, os outros (namorada (o), pais, amigos, etc) a estarem constantemente perto.
Tratar a falta de amor por si é um grande desafio e um trabalho árduo para os profissionais psicólogos pois as pessoas que tem dificuldade de se amar se boicotam constantemente. Tudo isso acontece por que não sabemos ouvir a nós mesmos e identificar nossas reais necessidades. Ouvir a alma é saber qual é nossa intenção básica, o que buscamos no ato de existir. Estar em paz consigo mesmo seria um dos principais e mais importantes objetivos de nossa vida. Por isso se namore antes de namorar, se valorize para ser valorizado e ofereça a você mesmo tudo aquilo que gostaria outra pessoa lhe desse: amor, carinho, proteção, colo, conforto, aconchego! E nunca esqueça: Somos tratados como nos tratamos !

FELIZ AMOR –PRÓPRIO!

Encerro este artigo com uma música que é uma GRANDE reflexão :

Há quanto tempo eu vinha me procurando

Quanto tempo faz, já nem lembro mais

Sempre correndo atrás de mim feito um louco

Tentando sair desse meu sufoco

Eu era tudo que eu podia querer

Era tão simples e eu custei pra aprender

Daqui pra frente nova vida eu terei

Sempre a meu lado bem feliz eu serei


Eu me amo, eu me amo

Não posso mais viver sem mim
Como foi bom eu ter aparecido

Nessa minha vida já um tanto sofrida

Já não sabia mais o que fazer

Pra eu gostar de mim, me aceitar assim

Eu que queria tanto ter alguém

Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém

Longe de mim nada mais faz sentido

Pra toda vida eu quero estar comigo

Foi tão difícil pra eu me encontrar

É muito fácil um grande amor acabar, mas

Eu vou lutar por esse amor até o fim

Não vou mais deixar eu fugir de mim

Agora eu tenho uma razão pra viver

Agora eu posso até gostar de você

Completamente eu vou poder me entregar

É bem melhor você sabendo se amar!!!

ULTRAJE A RIGOR- EU ME AMO

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ANSIEDADE: lutando contra o tempo!


De onde vem a ansiedade?

A ansiedade é um estado natural do ser humano. Ela pode ser considerada uma doença quando em excesso. Na pré-história, o homem das cavernas quando deparava-se com um animal muito feroz, desenvolvia alguns sintomas como a dilatação da pupila, a aceleração do coração, suor excessivo e apresentava um mecanismo que, hoje ainda desencadeamos que é o mecanismo de ataque ou fuga. Ou tu atacas o desafio, ou tu foges dele. Hoje, quando o homem se depara a um grande desafio é ativado internamente esse mecanismo, e tanto o ataque quanto a fuga a esse desafio gera ansiedade, o que difere é a sua intensidade.
Por isso a ansiedade, em princípio é positiva. Em excesso é prejudicial, como esses sintomas citados e além desses, dores de cabeça, nó no estômago e aperto no peito.

Falaste do lado negativo da ansiedade e as consequências que apresenta. Levantaste a questão do lado positivo dessa ansiedade. Até onde é positivo e o que há de bom nessa ansiedade?

A ansiedade em grau moderado é aquele empurrãozinho que a gente precisa para realizar as coisas. Assim como o estresse, as pessoas precisam de um pouco de ansiedade para ter motivação. A ansiedade motiva frente a um desafio. Quando a pessoa tem um grande desafio, precisa sempre de um empurrão, para não paralisar-se e, o excesso de ansiedade, pode ser considerado medo e insegurança, ou seja, ansiedade paralisante.
Quando a pessoa atravessa a rua, precisa ter uma certa segurança, olhar para os dois lados, conseguir atravessá-la. E, quando a pessoa é ansiosa ao extremo, acaba paralisando-se e não atravessa para a rua. A pessoa que apresenta um certo grau de ansiedade positiva, é aquela pessoa que consegue enfrentar o desafio e pensa: “Eu vou atravessar a rua, olhar para os dois lados”. Essa pessoa consegue.
O excesso de ansiedade é a Síndrome do Pânico que pode ser considerada como um grande medo. O medo de morrer, o medo do desafio, o medo de sair de casa. Isso é a ansiedade negativa.

Falaste que a Síndrome do Pânico é ansiedade em excesso? Como isso ocorre?

Sim. A Síndrome do Pânico é o grau maior da ansiedade e mora lá no final da ansiedade. A pessoa vai ficando cada vez mais ansiosa e potencializando os sintomas e sensações que culminam no medo de sentir medo, o medo do medo, a pessoa fica sempre em estado de alerta, ela fica pensando que algo ruim pode acontecer. Quando o telefone toca ela sempre espera uma notícia ruim. Em alguns casos pode haver pensamentos de morte e outros pensamentos negativos. Mas na maioria das vezes, tudo gira em torno da morte.

Tudo gira em torno da morte? Por quê?

Alguns pensadores estudiosos falam que a Síndrome do Pânico é o medo de viver, de que alguma coisa possa acontecer sempre porque, ele sempre está ligado ao futuro, nunca ao presente.
Por exemplo uma pessoa que vive em torno da sua morte dela. Pode estar com 80 ou 20 e poucos anos e pensar: “Se eu morrer e não tiver ninguém para me socorrer?” Então ela vive o futuro, nunca aproveita o presente que é a vida dela hoje. Nesses casos costumo trazer a tona a consciência dentro do próprio setting terapêutico e dizer: “Tu estás aqui, tens uma hora comigo. Foques aqui, aproveites o teu tempo comigo!”
O ansioso está sempre no futuro e isso faz com que a Síndrome do Pânico seja assim, em grau muito elevado. Ele sempre pensa que vai morrer. Todos nós vamos morrer, mas essa questão de aproveitar a vida para o ansioso fica muito difícil. Tanto que ele tem muita resistência em relaxar, sair e aproveitar. Tem dificuldade de deitar em uma cama e descansar. O ansioso está sempre ligado na tomada, inclusive quando dorme. Sonha muito, tem muito pesadelo. A insônia muitas vezes o atinge de forma drástica. Ele não consegue dormir e, muitas vezes troca o dia pela noite. Principalmente as pessoas que tem Síndrome do Pânico, sofrem de insônia por medo que algo aconteça, então acabam dormindo durante o dia, quando todos estão acordados.

E o contrário disso... Aproveitar a vida em demasia é saudável?

Eu sempre costumo dizer que tudo o que é em falta ou em excesso nos prejudica. Na questão do comportamento, aproveitar demais também não é bom porque, a pessoa fica só naquela euforia da vida, da noite, das festas, das outras pessoas. Acaba esquecendo dela, dos compromissos, das responsabilidades, da questão de estrutura da nossa vida, do trabalho. As pessoas que aproveitam demais, acabam adquirindo e desenvolvendo indisciplina, irresponsabilidade para algumas coisas. Tudo tem um meio termo e, a psicologia existe para isso. Na terapia, trabalhamos no sentido de encontrar um meio termo, de não ir para um extremo e aproveitar tudo da vida com excesso de intensidade, ou, não aproveitar nada no mundo e não permitir-se. Então entra a questão da terapia, para buscar o equilíbrio. É doentio sim a pessoa aproveitar demais. Existe até aquela história da formiga e da cigarra. A formiga passa o ano inteiro trabalhando, e a cigarra cantando. Qual está certa? Um meio termo. Nem a cigarra e nem a formiga.

Existem as pessoas que são viciadas em trabalho, os chamados de “workaholics”. Isso também está ligado à ansiedade?

O workaholic é um ansioso nato porque, está muito dedicado ao trabalho. Não consegue relaxar e está direcionado só ao trabalho porque, o que está na essência de tudo isso? A questão do social que pede: Trabalhe, Cresça, Destaque-se. E o Workaholic pensa assim: “Bom, vou dedicar-me 24 horas ao trabalho, para eu crescer, para eu ver-me, para alguém valorizar-me porque, é assim que está o mundo”. Hoje o ser humano tem de trabalhar, tem de dedicar-se ao extremo para que as pessoas o vejam.
O indivíduo está sedento de um olhar. A maioria faz qualquer coisa para ser visto. Os programas de televisão sensacionalistas, as mulheres aparecendo semi nuas na TV porque, no fundo está na essência uma eterna carência, e aí está a raiz de algumas das patologias modernas. O ser humano está carente de atenção porque fica focado em coisas concretas e não em coisas essenciais da nossa pessoa, como a espiritualidade, a questão familiar, a integridade e o autoconhecimento. Hoje em dia, poucas pessoas estão focadas a essas essências. Focam muitas vezes somente no trabalho. Se tu fores analisar, a maioria das pessoas que tu encontras, elas estão voltadas à questão material, às metas que elas tem de alcançar a qualquer custo. Tu perguntaste sobre os workaholics, e há também as pessoas que tem fobia de férias. Elas não conseguem tirar férias, ou quando tiram, levam o notebook, levam o livro da faculdade para ler. Elas não conseguem relaxar, e então a fobia das férias atrapalha o período que deveriam estar descançando. Pensam que, se aproveitarem aquelas férias, vão perder o trabalho de um ano inteiro. Não permitem parar um tempo. Pensam que precisam continuar. Então entram em um ritmo tão radical que sentem-se culpadas ao encarar o relaxamento. Isso acarreta em problemas físicos, emocionais, potencializando a ansiedade para a Depressão, Síndrome do Pânico ou até mesmo uma Estafa Mental, que é um esgotamento.
Os ansiosos sofrem muito de Estafa Mental. Eles esgotam-se, perdem a memória, não pensam direito, sentem-se muito cansados e, esse é o grau final.


Como profissional, o que tu presencias no consultório de mais pesado em relação à ansiedade?

Eu considero a dificuldade de aproveitar o presente. Esse é o mais pesado porque, a pessoa fica adiando a felicidade. Espera para quando emagrecer, quando estiver viajando, e muitas vezes não alcança. Ela não aprendeu a lidar com as frustrações e ser feliz naquele presente, naquela situação. Então surge um outro problema, porque ela não emagreceu ou não realizou aquela viagem. Esse adiamento da felicidade, de não ser feliz no agora com o mínimo que se tem, com o namorado que tem, com o corpo que se tem, com o dinheiro que se tem, para o ansioso é impossível isso. Ele sempre está adiando a felicidade. Isso é o mais pesado em relação ao comportamento do ansioso porque, ele nunca está feliz completamente, nunca está satisfeito. É um pouco natural do ser humano estar insatisfeito. Tanto que isso, em grau menor, é uma coisa positiva, que vai fazer a gente buscar as coisas. Esse vazio interno faz o indivíduo querer preencher e buscar. Mas a questão do ansioso é uma insatisfação muito grande, uma tristeza de não alcançar, é uma impotência muito grande e isso é o mais pesado porque vem toda a questão do histórico de vida. Aqui dentro do consultório trato pessoas que nunca conseguiram atingir um grau de satisfação, que ficou atrás de alguma coisa muito tempo, por exemplo, do trabalho e, quando paramos para refletir sobre isso, o tempo passou para ela, que nunca buscou. Existe uma insatisfação por trás da ansiedade, e é com essa insatisfação que devemos trabalhar. Não adianta tratar a ansiedade sem percorrer a raiz do problema. Temos que trabalhar a história da pessoa, o porquê da ansiedade ter entrado em sua vida.

O fato de uma pessoa ser ansiosa, atrapalha a inclusão no mercado de trabalho?

Algumas grandes empresas preferem contratar os ansiosos porque são os que realmente produzem, são eficientes e rápidos. A pessoa ansiosa não é de certa forma doente. Ela pode ser eficiente, mas em certo grau, Depois que essa ansiedade torna maciça a vida dela, quando o grau de ansiedade torna-se alto, não consegue mais ver nada, então torna-se doente. Mas realmente a questão da contratação de pessoas ansiosas em uma empresa, em um grau leve é até favorável. Porém, um ansioso em severo grau, já não produz.


O que uma pessoa que sofre de ansiedade deve fazer para adquirir controle sobre isso?

A psicologia aconselha que se consiga equilibrar isso naturalmente, com autoconhecimento. De certa forma, se a ansiedade for leve e moderada, conseguimos ter um grau de consciência para conseguir reverter esses quadros porque, é um exercício psicológico conseguir vencer a ansiedade, depende do esforço e da vontade.
É exercitar-se psicologicamente todos os dias, no sentido de não repetir os mesmos erros e controlar a sua ansiedade. Para o controle, o primeiro passo é a consciência e a clareza de que há como tratar e controlar isso. Mas em casos extremos onde o auto-controle se torna dificultoso, é necessário ajuda médica.


Entrevista concedida ao Jornal Estilo- CONVERSAS VESPETINAS por Rômulo Seitenfus