segunda-feira, 31 de maio de 2010

O TRABALHO COMO IDENTIDADE


Que sentido o trabalho tem na vida dos indivíduos modernos? O significado do trabalho já foi estudado por diversos pesquisadores em inúmeros países e os resultados mostraram que o sentido da atividade de trabalho pode assumir uma condição de centralidade na identidade pessoal e social (MORIN, 2007). Ou seja, quando o indivíduo se define enquanto pessoa, quase sempre após dizer seu nome, menciona o que faz profissionalmente. Nesse sentido, o trabalho é metaforicamente o seu sobrenome, algo que posiciona o indivíduo em algum lugar na sociedade, algo que o identifica.

A relação que cada indivíduo tem com trabalho tem caráter único, singular e subjetivo, mas também é social, porque apresenta aspectos compartilhados por um conjunto de indivíduos e reflete as condições históricas da sociedade, na qual está inserido. Por isso o sentido do trabalho está em permanente processo de construção (BORGES, 2001).

Segundo Frankl (1963) apud Morin (2001), as pessoas precisam encontrar sentidos em suas atividades, caso contrário,mergulham numa “frustração existencial”. O trabalho na perspectiva psicológica é uma afirmação da auto-estima e de uma função perante a sociedade. O processo produtivo é assimilado em aspectos fisiológicos, morais, sociais e econômicos. O trabalho ocupa um importante espaço na vida humana. Constitui o significado na vida de todos. Por esta razão, quando feita a pergunta “Se você tivesse bastante dinheiro para viver o resto da sua vida confortavelmente sem trabalhar, o que você faria com relação ao seu trabalho?, mais de 80% das pessoas pesquisadas responderam que trabalhariam mesmo assim (Morin et al , 2001). As principais razões são: a socialização, o sentimento de vinculação (pertencer a algo), para ter algo que fazer, para evitar o tédio e para se ter um objetivo na vida.

Nesse sentido, pode-se observar o “peso” de ficar sem trabalho. Estar desempregado ou inativo altera a estrutura emocional do indivíduo, afetando sua identidade. Esta perda, que pode ser temporária ou eterna, propicia a baixa auto-estima, sintomas depressivos, um nível elevado de stress, etc. Pelo fato de o trabalho ser o principal organizador da vida humana, onde horários, atividades, relacionamentos são determinados conforme suas exigências quando as pessoas perdem, não tem ou até mesmo se aposentam perdem também seu ponto de referência. No caso da aposentadoria, já há pesquisas comprovando que essa transição de etapa na vida pode ocasionar grandes crises culminando em doenças emocionais (Romanini et al, 2008) e indo de encontro a vícios como o alcoolismo. Desse modo, se trabalhar em excesso causa doenças, não trabalhar nos deixa com o pesado sobrenome “Inativo” nos remetendo as doenças da alma.


REFERÊNCIAS
BORGES, Livia de Oliveira, ALVES FILHO, Antônio. A mensuração da motivação e do significado do trabalho. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2001, vol.6, n.2, pp. 177-194.

MORIN, et al . Os sentidos do trabalho. RAE - Revista de Administração de Empresas • Jul./Set. 2001
____________ O Trabalho e seus sentidos. Psicologia & Sociedade; 19, Edição Especial 1: 47-56, 2007


ROMANI, et al. Aposentadoria: período de transformações e preparação. Revista Gestão Industrial, 2008.

Fonte da imagem: http://blog.grupofoco.com.br/focotalentos/wordpress/wp-content/uploads/2010/03/Love-my-job-sm1.gif

sábado, 29 de maio de 2010

Cuidar da saúde é também Cuidar das Emoções!



A OMS (Organização Mundial de Saúde) define saúde como “bem estar biopsicossocial do homem”, isto quer dizer que estar saudável vai muito além de manter o corpo físico em ordem, pois, somos muito mais do que corpo físico, somos pensamentos, sentimentos e emoções. E nesse sentido, a relação das emoções com a saúde ou doença, vem sendo estudada desde 377 a.C com Hipócrates até os tempos de hoje com advento da PSICOSSOMÁTICA (psico= alma e soma= corpo) A partir destes estudos, a doença pode ser entendida como um DESIQUILIBRIO, não só de um órgão específico, mas da totalidade do homem. Apesar da descrença de muitas pessoas, atualmente estudos científicos comprovam e atestam esta conexão.

Não se pode negar que nossa vida é movida por emoções agradáveis e/ou desagradáveis. Alegria, medo, raiva, amor, mágoa batem a nossa porta várias vezes em um único dia. Uma única emoção é responsável por desencadear diversas reações comportamentais assim como fisiológicas. As reações frente as emoções vão depender de pessoa para pessoa. Por exemplo, uma pessoa com raiva pode se afastar de todos e ficar sozinha ‘remoendo’ o fato, assim como outra pessoa com a mesma emoção ter uma atitude explosiva e gritar até com pessoas que não tem nada a ver com o conflito. Mas independente da reação, as emoções sempre irão motivar nossa conduta na vida e cada acontecimento vivido deixa no corpo sua marca profunda. Por isso elas têm um papel fundamental no estado saúde-doença. Agora tente fazer uma análise de quais foram as emoções que você vivenciou neste último mês. Perceba se são mais negativas do que positivas. Se a resposta for que as emoções negativas foram mais freqüentes, então, cuidado, pois você pode correr um maior risco de adoecer. Tudo por que a interação entre corpo e mente se dá por meio de uma intrincada rede de hormônios, proteínas e neurotransmissores que não cessam de interagir. E que no caso de uma emoção negativa em excesso pode até comprometer o sistema imunológico, abrindo portas às doenças.

Hoje em dia há dados suficientes para podermos afirmar que as emoções positivas potencializam a saúde, enquanto as emoções negativas tendem a comprometê-la. Segundo cientistas, nós mesmos temos poderosas ‘armas’ nas mãos para nos proteger contra o ataque das doenças e não nos damos conto. São elas:

FÉ: Desencadeia no organismo reações semelhantes a de emoções como afeto, amor e tranqüilidade. Pesquisas em todo mundo já comprovam o benefícios concretos da fé na saúde física e psicológica , como: longevidade, qualidade de vida, prevenção de doenças, recuperação de cirurgias.

MEDITAÇÃO: Estudo recente submeteu pacientes cardíacos à meditação e comprovou que eles tiveram uma redução da pressão arterial.

BOM HUMOR: O riso (sincero) e o bom humor aumentam a atividade das células tipo “natural Killer”, importantes na imunidade contra tumores, ao mesmo tempo em que os estados depressivos enfraquecem esse aspecto da defesa orgânica.

EXERCÍCO FISICO: Além de proporcionar qualidade de vida, libera neurotransmissores, como a endorfina e serotonina, produzindo um estado de prazer, disposição e a regulando o humor.

EXPRESSAR SENTIMENTOS: Comportamentos contidos demais favorecem as doenças. Entender e expressar as emoções é a melhor forma de se proteger.

AUTOCONHECIMENTO: Em pesquisa recente publicada no JAMA (Jornal da Associação Médica Americana) 1.000 pacientes, entre 35 e 59 anos, vítimas de infarto que exerciam funções com grande demanda emocional mostraram-se duas vezes mais predispostas a sofrer um novo evento. Nesse sentido, a psicoterapia auxilia o paciente a se auto-conhecer como também a reconhecer as emoções que podem vir a prejudicar sua evolução pessoal e profissional, não com objetivo de eliminá-las, por que é impossível, mas de aprender lidar e negociar com elas.

Estes são alguns dos considerados MEDICAMENTOS NATURAIS. São naturais, pois não são comprados em farmácias por que temos internamente, só nos resta reconhecer, desenvolver e exercitar todos os dias! Nunca é tarde para começar.!



fonte da imagem: http://www.cuidebemdevoce.com/resources/yoga-floraisonline.JPG

Fazemos “qualquer negócio”: A Ética nas relações de trabalho



Todos já ouvimos falar em “Ética”, principalmente quando se refere a vida profissional. Analisando superficialmente ela resume a ação e a postura correta, mas com certeza, esta pequena palavra diz respeito a inúmeros comportamentos. A palavra Ética é originada do grego “Ethos” que significa modo de ser, caráter e valores. Levando em conta essa definição, para existir ética é necessário que haja relações


Cada pessoa tem seus valores e princípios individuais. Nossos pais foram os primeiros a alimentar os princípios éticos nos dizendo o primeiro “Não!”. O senso ético também pode ser ilustrado a partir de alguns desenhos animados onde aparece um “anjinho” e um “diabinho” soprando ao ouvido do sujeito alguns incentivos. Nesse sentido, a ética esta intimamente ligada à consciência de nossos atos. Ao se questionar “Quem irei ouvir? O anjo ou o diabo?” passamos a julgar, analisar as nossas ações como do bem ou do mal, certas ou erradas e isso faz de nós seres éticos. Portanto podemos analisar os princípios éticos através de nossas atitudes. E não é preciso estar escrito em nenhum código de ética ou lei o que se deve ou não fazer, pois a nossa consciência já faz esse trabalho. Daí o termo “estou com a consciência leve ou pesada!”
Todos nós temos noção do certo e errado, certo? Sabemos que o certo seria fazermos atividade física pelo menos três vezes por semana, ter uma alimentação saudável e manter a mente equilibrada e longe do estresse, mas todos nós fazemos isso? O mesmo acontece no mundo do trabalho, ou seja, saber o que é certo não quer dizer que agiremos corretamente. Resta saber o que alimenta essa contradição.


No trabalho, o certo é ser honesto, compreensivo, verdadeiro, respeitoso e comprometido. Mas é isso que vemos hoje? Desde o surgimento do capitalismo, os trabalhadores vêm sendo convocados a seguirem leis, normas, metas de alta produção em tempo cronometrado. Então, parece não sobrar muito tempo para serem éticos. Impulsos egoístas, jogos de interesses, abuso do poder, mentiras, competitividade doente, trapaças, tudo para efetivar a venda antes do concorrente ou do colega de trabalho. Fazemos qualquer negócio? Que negócio é esse? Os princípios valorizados pela sociedade moderna dificultam a visão (ou cegam) de que nas relações de trabalho as pessoas são mais importantes do que “qualquer negócio”. O negócio passa, assim como o dinheiro também, mas pessoas não, elas irão ajudar a elaborar seu perfil ético. E você, faz “qualquer negócio”?